As modas do Facebook não são todas iguais



Sempre que há um evento viral por essa Internet fora, vem logo a seguir a onda de indignação com esse evento viral. Imensa gente escreve coisas do género:
  • "Isto é só porque está na moda!" 
  • "São todos uns carneiros!"
  • "Não sabem ser originais?"
  • "É só hipócritas neste país!"
E isto tanto vale para quando o mundo facebookiano (1) se lembra de substituir as fotos por bonecos; (2) ataca sem dó nem piedade uma certa actriz brasileira porque ela fez um vídeo em que diz mal de Portugal; (3) partilham uma foto de um menino morto, para apelar a que a Europa se junte para ajudar os milhares de refugiados que estão a chegar às nossas costas.

Ora, todos essas almas criativas, preocupadíssimas com a falta de originalidade dos Portugueses podem respirar fundo e começar a pensar melhor. Porque nós sempre fomos seres sociais, muito dados a boatos e coisas dessas. O Facebook veio amplificar a coisa -- o que pode ter transformado esta característica humana num veneno social corrosivo, mas (há sempre um mas) deve ser visto caso a caso.

Porque se a reacção à actriz brasileira foi beber ao nosso instinto tribalista e nacionalista, se os bonecos em vez de fotos foram beber à nossa faceta maria-vai-com-as-outras, a reacção à fotografia do menino foi beber aos bons instintos que temos dentro de nós e, por isso, pôr tudo no mesmo saco é, isso sim, uma falta de discernimento e, na realidade, mais uma demonstração do sentimento maria-vai-com-as-outras (neste caso, maria-vai-com-as-outras-dizer-mal-das-outras-marias).

Aproveite-se o que de bom têm estas redes sociais: se uma simples foto humanizou aquilo que eram números ou "enxames" (nas palavras de David Cameron), demos graças por isso. Até Cameron já teve de aceitar mais refugiados -- e tudo por causa duma fotografia... É hipocrisia? Quero lá saber! Neste caso, o que é preciso é salvar estas pessoas. 

(E para aqueles que estão preocupados com a quantidade imensa de refugiados a invadir a Europa, leiam o próximo post, em que tento desmontar certos e determinados argumentos numéricos.)