Catalunha

Escolta, Espanya, – la veu d’un fill
que et parla en llengua – no castellana:
parlo en la llengua – que m’ha donat
la terra aspra:
en’questa llengua – pocs t’han parlat;
en l’altra, massa.

Joan Maragall

Aqui fala-se da Catalunha como uma "Nação", assim, entre aspas, com muita ironia [ver nota posterior aqui]. Por cá, continua a pensar-se que as "nacionalidades" espanholas são caprichos pós-modernos, invenção esquerdista, ou coisa assim. É pena. Se há Estado multinacional no mundo, é Espanha. Que 90% dos espanhóis não o aceitem, não quer dizer que nós, que durante séculos andámos a tentar convencer os castelhanos que a Península Ibérica não é um redil único, aceitemos o facto consumado que em Espanha só há uma nação.

A Catalunha não é independente e não o quer ser. Quer apenas ser espanhola à sua maneira, não à maneira castelhana. A Escócia, o País de Gales, o Quebeque, tantas outras regiões do mundo são também nações, à sua maneira. O conceito é fluido, mas a identificação própria é o melhor critério: uma grande parte dos catalães vê-se como comunidade nacional, com uma História mais antiga que o Estado Espanhol, um antigo império que se estendeu até Atenas, duas línguas, uma literatura nada folclórica, etc., etc. Não é uma questão de direita ou esquerda ou uma invenção do século XX.

Claro que há simplismos de todos os lados e Zapatero não geriu bem os sentimentos nacionalistas espanhóis, tal como Maragall não terá gerido o nacionalismo catalão. Mas nós, mais do que ninguém, não devemos achar que um nacionalismo minoritário é, por príncipio, ilegítimo e não devemos ir a correr pôr-nos a aplaudir o nacionalismo feroz de um PP ressabiado.

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