Não gosto especialmente de conflito, mas gosto de contrariar. Gosto até de me contrariar. Mas porquê? Porque não posso simplesmente decidir ter uma determinada opinião e defendê-la? Afinal, é mais fácil. Pois, mas o que se passa é que contrariar é o melhor método para chegarmos a conclusões um poucochinho mais sólidas do que as certezas que ouvimos em tantas conversas — naquelas conversas em que todos parecem concordar que tudo o resto é péssimo e que eles é que sabem e em que o tom de voz vai subindo numa espiral de indignação e de exemplos que confirmam o que já sabíamos.
Ora, o melhor método que já inventámos para sair das ideias-feitas e das certezas que parecem óbvias é a ciência. Como não podemos começar a aplicar o método científico a todas as conversas e a tudo na vida — não só porque falta tempo, mas também porque seria desproporcionado e inadequado e poucos, no fundo, sabem o que é —, podemos, pelo menos, usar a característica principal desse método: quando temos uma hipótese, uma ideia (seja qual for a forma como a imaginámos), o que devemos fazer é procurar contrariá-la, encontrar exemplos contrários, não entrar na “espiral de confirmação” e na facilidade de acharmos que a nossa intuição permite compreender o mundo. A nossa intuição até pode estar certa, mas só atacando uma ideia podemos ver se ela é de facto sólida e se tem pernas para andar.
Obviamente, acabo por contrariar com maior assiduidade as opiniões, ideias e atitudes mais comuns, porque são essas que precisam de mais pancada para ver se se aguentam. Assim, gostava de contrariar:
Ora, o melhor método que já inventámos para sair das ideias-feitas e das certezas que parecem óbvias é a ciência. Como não podemos começar a aplicar o método científico a todas as conversas e a tudo na vida — não só porque falta tempo, mas também porque seria desproporcionado e inadequado e poucos, no fundo, sabem o que é —, podemos, pelo menos, usar a característica principal desse método: quando temos uma hipótese, uma ideia (seja qual for a forma como a imaginámos), o que devemos fazer é procurar contrariá-la, encontrar exemplos contrários, não entrar na “espiral de confirmação” e na facilidade de acharmos que a nossa intuição permite compreender o mundo. A nossa intuição até pode estar certa, mas só atacando uma ideia podemos ver se ela é de facto sólida e se tem pernas para andar.
Obviamente, acabo por contrariar com maior assiduidade as opiniões, ideias e atitudes mais comuns, porque são essas que precisam de mais pancada para ver se se aguentam. Assim, gostava de contrariar:
- a indignação sempre pronta a disparar, que não se preocupa em perceber o mundo, apenas em mudá-lo à força, de acordo com uma ou outra certeza absoluta;
- a preguiça de quem acha que “tudo é igual”, “todos têm culpa”, “o país é uma choldra” e deita tudo fora, bom e mau, e nem se preocupa em pensar por dez segundos sobre aquilo que decide desprezar de imediato;
- as ideias-feitas, aceites porque parecem giras ou porque todos pensam assim ou porque ouvimos alguém gritar indignado que “isto é assim e ninguém me ouve, o mundo é tão injusto!”;
- a ideia de que tudo o que é ligeiramente complexo ou diferente do habitual é chato, coisa de parvo, inútil, complicações desnecessárias;
- a arrogância da inteligência sem compaixão e da estupidez armada aos cágados.
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