Esse velho cheiro a soberba

Lêem, vêem-se superiores na sua compreensão do que lêem, dissertam, acham-se geniais no que afirmam, olham o mundo, aceitam o facto de que ele não os merece, desdenham-no, fecham-se no quarto e pensam em círculo, julgam criar novidades quando se limitam a repetir lugares comuns disfarçados de vanguardismos, prendem-se em convicções velhas, querem-se longe do mundo, enojados, e confundem tudo, pensando que vão eles à frente e o mundo lá muito atrás, quando, na verdade, o mundo já vai a passar o horizonte. Depois declaram-se lúcidos, escrevem sempre da mesma forma "desencantada", "lúcida", "corajosa", "desapiedada", "sarcástica", sem complacências para a desgraça do mundo, mas com uma enorme preguiça de se mexer e fazer parte desse mundo ("só se o mundo fosse como eu acho que devia ser").

Comentários